Por Nitro, 16 de novembro de 2022
Em primeiro lugar, o milho é uma planta de ciclo vegetativo variado. A Fenologia do Milho pode apresentar desde fenótipos extremamente precoces, cuja polinização pode ocorrer 30 dias após a emergência, assim como aqueles cujo ciclo vital pode alcançar 300 dias. Em nossas condições climáticas e produtivas, a cultura do milho apresenta ciclo variável entre 110 e 180 dias, devido a caracterização dos genótipos - superprecoce, precoce e tardio. Esse período é determinado entre a semeadura e a colheita.
O ciclo da cultura compreende as etapas de desenvolvimento a seguir:
Em condições normais de campo, ou seja, idealmente as sementes plantadas absorvem água, incham e começam a crescer. A radícula é a primeira a se alongar, pouco depois o coleóptilo, com plúmula incluída. O estádio VE é atingido pela rápida elongação do mesocótilo, que posteriormente empurra o coleóptilo em crescimento para a superfície do solo.
Em condições de temperatura e umidade adequadas, a planta emerge dentro de 4 a 5 dias, porém, em condições de baixa temperatura e pouca umidade, a germinação pode demorar até duas semanas ou mais. Assim, quando a emergência ocorre e a planta expõe a extremidade do coleóptilo, o mesocótilo para de crescer.
O sistema radicular nodal se inicia, portanto, no estádio VE e o alongamento das primeiras raízes se iniciam no estádio V1, indo até o R3. Assim, na germinação, ocorre a embebição da semente, com a consequente digestão das substâncias de reserva, síntese de enzimas e divisão celular.
Após, o estádio de três folhas completamente desenvolvidas ocorre aproximadamente duas semanas após o plantio. Neste estádio então, o ponto de crescimento ainda se encontra abaixo da superfície do solo e a planta possui ainda pouco caule formado.
Todas as folhas e espigas que a planta eventualmente irá produzir estão sendo formadas no V3. Pode-se dizer, portanto, que o estabelecimento do número máximo de grãos, ou a definição da produção potencial, estão sendo definidos nesse estádio.
No estádio V5, com cinco folhas completamente desenvolvidas, tanto a iniciação das folhas como das espigas vai estar completa. A iniciação do pendão já pode ser vista microscopicamente, imediatamente na extremidade de formação do caule, logo abaixo da superfície do solo.
Nesse estádio, o ponto de crescimento e o pendão estão acima do nível do solo, logo após o colmo está iniciando um período de alongação acelerada. O sistema radicular nodal (fasciculado) está em pleno funcionamento e em crescimento.
Nesse estádio, eventualmente pode ocorrer o aparecimento de perfilhos, os quais encontram-se diretamente ligados à base genética do cultivar, ao estado nutricional da planta, ao espaçamento adotado, ao ataque de pragas e às alterações bruscas de temperatura.
Agora, no estádio V8, é quando se inicia a queda das primeiras folhas e o número de fileiras de grãos é definido. Ao mesmo tempo, constata-se a máxima tolerância ao excesso de chuvas. No entanto, encharcamento por períodos de tempo maior que cinco dias poderá acarretar prejuízos consideráveis e irreversíveis.
De V6 até o estádio V8, deverá ser aplicada a adubação nitrogenada em cobertura.
Nesse estádio, ocorre alta taxa de desenvolvimento de órgãos florais, enquanto o pendão inicia um rápido desenvolvimento e o caule continua alongando. A elongação do caule ocorre através dos entrenós. Após o estádio V10, o tempo de aparição entre um estádio foliar e outro vai encurtar, geralmente ocorrendo a cada dois ou três dias.
Em seguida ao estádio V10, a planta de milho inicia um rápido e contínuo crescimento, com acumulação de nutrientes e peso seco, os quais continuarão até os estádios reprodutivos. Durante esse tempo, há uma grande demanda no suprimento de água e nutrientes para satisfazer as necessidades da planta.
O número de óvulos, ou grãos em potencial, em cada espiga, assim como o tamanho da espiga, é definido em V12, quando ocorre perda de duas a quatro folhas basais. Nessa fase, considera-se o início do período mais crítico para a produção, que então se estende até a polinização. Em V12, a planta atinge cerca de 85% a 90% da área foliar, então observa-se o início do desenvolvimento das raízes adventícias (“esporões”).
Logo após, um novo estádio foliar ocorre a cada um ou dois dias. Estilos-estigmas iniciam o crescimento nas espigas. Em torno do estádio V17, as espigas atingem um crescimento tal que suas extremidades já são visíveis no caule, assim como a extremidade do pendão já pode ser observada.
Estresse de água ocorrendo no período de duas semanas antes até duas semanas após o florescimento vai causar grande redução na produção de grãos. Porém, a maior redução na produção poderá ocorrer com déficit hídrico na emissão dos estilos-estigmas (início de R1). Em outras palavras, o período de quatro semanas em torno do florescimento é o mais importante para irrigação.
Ao mesmo tempo, é possível observar que os “cabelos” dos óvulos basais alongam-se primeiro em relação aos “cabelos” dos óvulos da extremidade da espiga. Raízes aéreas, oriundas dos nós acima do solo, estão em crescimento nesse estádio, desde já essas raízes contribuem na absorção de água e nutrientes. Em V18, a planta do milho encontra-se a uma semana do florescimento, por isso, o estresse hídrico nesse período pode afetar mais o desenvolvimento do óvulo e da espiga que o desenvolvimento do pendão.
Com esse atraso no desenvolvimento da espiga, pode haver problemas na sincronia entre emissão de pólen e recepção pela espiga. Caso o estresse seja severo, ele pode atrasar a emissão do “cabelo” até a liberação do pólen terminar, ou seja, os óvulos que porventura emitirem o “cabelo” após a emissão do pólen não serão fertilizados e, por conseguinte, não contribuirão para o rendimento.
Esse estádio inicia-se quando o último ramo do pendão está completamente visível e os “cabelos” não tenham ainda emergido. A perda de sincronismo entre a emissão dos grãos de pólen e a receptividade dos estilo-estigmas da espiga concorre para o aumento da porcentagem de espigas sem grãos nas extremidades. Em condições de campo, a liberação do pólen frequentemente ocorre nos finais das manhãs e início das noites.
Simultaneamente, a planta atinge o máximo desenvolvimento e crescimento. A planta apresenta alta sensibilidade ao encharcamento nessa fase, ou seja o excesso de água pode contribuir para a inviabilidade dos grãos de pólen. Nos estádios de VT a R1, a planta de milho é mais vulnerável às intempéries da natureza que qualquer outro período, devido ao pendão e todas as folhas estarem completamente expostas. O período de liberação do pólen se estende por uma a duas semanas. Durante esse tempo, cada “cabelo” individual deve emergir e ser polinizado para resultar num grão.
Esse estádio é iniciado quando os estilos-estigmas estão visíveis, para fora das espigas. A polinização ocorre quando o grão de pólen liberado é capturado por um dos estilos-estigmas. O estabelecimento do contato direto entre o grão de pólen e os pêlos viscosos do estigma estimula a germinação do primeiro, que em seguida dá origem a uma estrutura denominada de tubo polínico, que é responsável pela fecundação do óvulo inserido na espiga.
Os grãos, agora, se apresentam brancos na aparência externa e com aspectos de uma bolha d’água. O endosperma, portanto, está com uma coloração clara, assim como o seu conteúdo, que é basicamente açúcares. Embora o embrião esteja ainda se desenvolvendo, ao passo que vagarosamente nesse estádio, a radícula, o coleóptilo e a primeira folha embrionária já estão formadas. Assim, dentro do embrião em desenvolvimento, já se encontra uma planta de milho em miniatura. A acumulação de amido está se iniciando, em seguida passando pela fase anterior à sua formação, que é a de açúcares.
Esses grãos estão iniciando um período de rápida acumulação de matéria seca, enquanto esse rápido desenvolvimento continuará até próximo ao estádio R6. N e P continuam sendo absorvidos e, consequentemente, a realocação desses nutrientes das partes vegetativas para a espiga tem início nesse estádio. A umidade de 85% nos grãos, logo depois, começa a diminuir gradualmente até a colheita.
O grão se apresenta com uma aparência amarela e, no seu interior, um fluido de cor leitosa, o qual representa o início da transformação dos açúcares em amido, contribuindo, assim, para o incremento de matéria seca.
Embora, nesse estádio, o crescimento do embrião ainda seja considerado lento, ele já pode ser visto, caso haja uma dissecação. Esse estádio é conhecido como aquele em que ocorre a definição da densidade dos grãos. Embora, nesse período, a planta deva apresentar considerável teor de sólidos solúveis prontamente disponíveis, objetivando a evolução do processo de formação de grãos, a fotossíntese mostra-se imprescindível. Em termos gerais, considera-se como importante caráter condicionador de produção a extensão da área foliar que permanece fisiologicamente ativa após a emergência da espiga.
Esse estádio é alcançado com cerca de 20 a 25 dias após a emissão dos estilos-estigmas, os grãos continuam se desenvolvendo rapidamente, acumulando amido. Os grãos se encontram com cerca de 70% de umidade em R4 e com cerca da metade do peso que eles atingirão na maturidade. Nessa etapa, os grãos encontram-se em fase de transição do estado pastoso para o farináceo. A divisão desses estádios é feita pela chamada linha divisória do amido ou linha do leite. Essa linha aparece logo após a formação do dente e, com a maturação, vem avançando em direção à base do grão. Devido à acumulação do amido, acima da linha é duro e abaixo é macio.
Esse período é caracterizado pelo aparecimento de uma concavidade na parte superior do grão, comumente designada de “dente”. Alguns genótipos do tipo “duro” não formam dente, daí esse estádio, nos referidos materiais, ser mais difícil de notar, podendo ser apenas relacionado ao aumento gradativo da dureza dos grãos.
Esse é o estádio em que todos os grãos na espiga alcançam o máximo de acumulação de peso seco e vigor. A linha do amido já avançou até a espiga e a camada preta já foi formada. Essa camada preta ocorre progressivamente da ponta da espiga para a base. Nesse estádio, além da paralisação total do acúmulo de matéria seca nos grãos, acontece também o início do processo de senescência natural das folhas das plantas.
O ponto de maturidade fisiológica caracteriza o momento ideal para a colheita, ou ponto de máxima produção, com 30 a 38% de umidade. No entanto, o grão não está ainda em condições de ser colhido e armazenado com segurança, uma vez que deveria estar com 13 a 15% de umidade, para evitar problemas com a armazenagem. A partir do momento da formação da camada preta, que nada mais é do que a obstrução dos vasos, rompe-se o elo entre a planta-mãe e o fruto, passando o mesmo a apresentar vida independente.
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