Fenologia do Feijoeiro comum

Fenologia do Feijoeiro comum

Fenologia do Feijoeiro Comum: Estágios de desenvolvimento e manejo adequado para uma produção eficiente

Por Nitro, 10 de julho de 2023

Conhecer a fenologia do feijoeiro comum, espécie Phaseolus vulgaris, é fundamental para um manejo adequado e uma produção eficiente. Neste guia, exploraremos os diferentes estágios de desenvolvimento da planta e as melhores práticas para garantir um cultivo bem-sucedido, considerando fatores como temperatura, pluviosidade e radiação

O Ciclo da Fenologia do Feijoeiro Comum

O feijoeiro comum, ou Phaseolus vulgaris, é uma planta de ciclo C3 da família Fabaceae, desempenhando um papel fundamental na alimentação básica da população brasileira. Para alcançar uma produção satisfatória, é crucial compreender a fenologia da planta, que consiste em uma escala baseada em mudanças morfológicas relacionadas aos processos fisiológicos em andamento.

Essa escala proporciona maior precisão nas decisões e ações tomadas durante o manejo, em comparação com uma abordagem baseada em dias após a emergência. A duração de cada fase pode variar entre cultivares e ser influenciada por fatores como temperatura, pluviosidade e radiação solar.

O ciclo do feijoeiro é dividido em 10 estágios, cada um designado por uma letra e um número. A letra "V" se refere à fase vegetativa, enquanto a letra "R" indica a fase reprodutiva. A numeração indica a ordem sequencial desses estágios.

Os Estágios Vegetativos do Feijoeiro Comum

Dentro da fenologia do feijoeiro comum, os estágios vegetativos desempenham um papel crucial no desenvolvimento saudável da planta. Entenda os estágios V0, V1, V2 e V3 e aprenda a avaliar a qualidade da semeadura, o crescimento radicular e a importância da aplicação adequada de nutrientes nessa fase crítica.

Estádio V0:

O estádio V0 marca o início do processo de germinação, no qual a planta absorve uma quantidade adequada de água. Inicialmente, ocorre a emissão da radícula, seguida pelo alongamento do hipocótilo até que os cotilédones surjam na superfície do solo. Uma semeadura cuidadosa é essencial para o sucesso dessa etapa, com as sementes sendo depositadas a uma profundidade de 3 a 5 cm e a temperatura do solo sendo adequada (temperaturas próximas a 25 ºC favorecem a taxa de germinação, enquanto temperaturas inferiores a 12 ºC podem reduzi-la significativamente). Os primeiros três dias após o início da germinação são os mais críticos em relação à infecção por patógenos.

Estádio V1:

Nesse estágio, ocorre o aparecimento dos cotilédones ao nível do solo. O hipocótilo se desdobra, seguido pelo alongamento do epicótilo e pela expansão das folhas primárias. Esse momento permite uma avaliação confiável da qualidade da semeadura, incluindo a análise do estande e da uniformidade da emergência.

Estádio V2:

O estádio V2 é caracterizado pela expansão completa das folhas primárias, que são as primeiras a converter energia por meio da fotossíntese. A velocidade de abertura e o tamanho das folhas são fatores cruciais para um bom desenvolvimento da cultura. Semeadura profunda, sementes de baixa qualidade, doenças e pragas podem resultar em folhas pequenas e mal formadas.

Estádio V3:

Esse estádio tem início quando a primeira folha trifoliolada se encontra em posição horizontal e totalmente expandida. Nessa fase, ocorre a exaustão intensa dos cotilédones, que se separam da planta, tornando-a dependente dos nutrientes presentes no solo. O período entre os estádios V1 e V3 apresenta maior tolerância ao estresse hídrico e a oscilações moderadas de temperatura, com um crescimento radicular acelerado. A planta é altamente sensível à aplicação de produtos com potencial fitotóxico durante esse estágio.

Estádio V4:

É caracterizado pela expansão completa da terceira folha trifoliolada, as plantas aceleram a emissão de folhas e o crescimento. Nessa fase o déficit hídrico pode reduzir consideravelmente a área foliar e consequentemente a produtividade, porém o feijoeiro também apresenta sensibilidade ao excesso de água, devendo haver um fornecimento adequado em caso de irrigação. Nesse estádio é recomendado a adubação de cobertura nitrogenada e potássica.

Os Estágios Reprodutivos e a Formação de Vagens na fenologia do feijoeiro comum

À medida que o feijoeiro comum avança para os estágios reprodutivos, como o R5, R6 e R7, ocorre a formação de botões florais e vagens. Explore a importância da temperatura, da água e do manejo adequado durante esses estágios críticos para garantir uma alta taxa de fertilização e minimizar perdas.

Estádio R5:

O estádio R5 tem início com o aparecimento dos primeiros botões florais. Essa fase é considerada uma das mais críticas em relação à falta de água, podendo resultar em perdas de 15% a 37%, dependendo da intensidade do déficit hídrico. A temperatura também influencia o número de flores e o sucesso da fertilização, sendo prejudicial acima de 35ºC e abaixo de 12ºC. É um momento crítico para a aplicação de produtos do grupo dos triazóis.

Estádio R6:

O estádio R6 é caracterizado pela abertura das flores. O feijoeiro é uma planta de autofecundação, produzindo um grande número de flores, mas com alta taxa de queda natural (40% a 75%, dependendo das condições climáticas). As flores são sensíveis a danos mecânicos e a produtos químicos, portanto, fertilizantes e defensivos devem ser usados com cautela. Variedades de crescimento determinado (tipo I) interrompem a emissão de folhas nesse estágio, enquanto as variedades de crescimento indeterminado (tipo II e III) devem apresentar de 16 a 20 folhas trifolioladas fotossinteticamente ativas no início do florescimento.

Estádio R7:

O estádio R7 marca o aparecimento das primeiras vagens. Temperaturas noturnas elevadas (>24ºC) reduzem a retenção e a formação de vagens, enquanto temperaturas diurnas acima de 35ºC contribuem para uma alta taxa de abortamento das vagens. O déficit hídrico diminui a produção, reduzindo a fotossíntese, a retenção e o desenvolvimento das vagens. O manejo adequado deve focar no equilíbrio entre as estruturas da planta, como folhas, flores e vagens. Em relação a esse estágio, evidências na literatura indicam uma resposta positiva à aplicação foliar de nitrogênio, fósforo e potássio, desde que não haja um excesso de folhas.

O Enchimento das Vagens e a Maturação das Sementes

No estádio R8, o feijoeiro comum entra na fase de enchimento das vagens. Saiba como garantir um enchimento adequado e evite falhas devido a pragas, doenças ou déficit hídrico. Compreenda a importância da manutenção da área foliar até o final do ciclo e descubra como prolongar o período de maturação para obter sementes e vagens de qualidade.

Estádio R8:

O estádio R8 marca o início do enchimento da primeira vagem. Nas variedades dos tipos II e III, a emissão de folhas é interrompida. A redução da área foliar, causada por pragas e doenças, pode resultar em falhas no enchimento das vagens, com grãos pequenos e leves. Manter uma área foliar adequada até o final do ciclo contribui para um maior potencial produtivo. A aplicação de produtos do grupo dos triazóis ajuda a estender o ciclo da cultura. Nesse estágio, ocorre o início da pigmentação das sementes e, posteriormente, das vagens.

O Estádio R9 e a Colheita do Feijão

No estádio R9, as vagens do feijoeiro comum passam por mudanças de coloração, indicando o momento ideal para a colheita. Aprenda a lidar com o processo de senescência natural da planta, evitando a abertura precoce das vagens ou a germinação das sementes. Entenda a importância do tempo adequado de colheita e os cuidados necessários para garantir uma colheita bem-sucedida.

Estádio R9:

O estádio R9 é caracterizado pela mudança na coloração das vagens, que passam de verde para amarelada ou pigmentada. Nesse estágio, ocorre um acelerado processo de senescência natural. É desejável uma ausência ou baixa disponibilidade de água nesse momento. O feijão não tolera atrasos na colheita, pois as vagens podem se abrir ou as sementes podem germinar dentro delas.

Ao compreender a fenologia do feijoeiro comum e aplicar as práticas de manejo adequadas a cada estágio de desenvolvimento, você estará maximizando o potencial de produção e obtendo colheitas de qualidade. Lembre-se de considerar as condições ambientais e adaptar as práticas de acordo com as necessidades da cultura.

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